Sempre quis ter um parto normal, no meu primeiro filho tentei muito, mas o cansaço, medo, ansiedade, internação prematura, fuga, mitos... tudo isto atrapalhou muito. Principalmente porque me deixei levar. Após 31 horas de trabalho de parto (dilatação e retirada do bebê), desisti de continuar e pedi uma cesárea. Para mim ele ainda estava muito alto, a bolsa não havia estourado e eu estava exausta. Perdi a vontade de continuar.
Foi uma cesárea super tranquila, ele nasceu bem, mamou na primeira hora de vida e hoje está aqui forte alegrando muito nossa família.
Nesta segunda gestação quis tentar novamente um parto normal. As pessoas me chamavam de doida (kkkk). Já está cortada, corta de novo. Prá que sofrer à toa, marca e tira logo. Na porta do hospital ouvi de longe: a barriga está muito alta, não vai ser normal... Enfim. Os comentários de sempre.
Eu "ignorei" (mais para frente explico porque as aspas) e continuei focada em minha meta.
Desta vez não frequentei palestras, não quis assistir vídeos de partos, não li (na primeira gestação li 7 livros). Fiquei pensando: vou tentar, se der deu, se não tudo bem, afinal, já havia passado por uma cesárea.
Na sexta (4 de agosto) fiz uma avaliação e o colo do útero estava ainda fechado. Resolvi fazer acupuntura para ver se ativava o parto. Sábado participei do Mamaço no Shopping e Domingo fui tomar um banho de cachoeira em Taquarussu, até este momento, nada de sinais de parto. A dada provável (40 semanas) era 8 de agosto.
Segunda dia 7, às 5 da manhã levantei para ir ao banheiro e comecei a sentir as contrações, desta vez mais intensas e frequentes. Não consegui voltar para cama e fui marcar as contrações. Pela manhã mesmo liguei para Wilma Manduca e avisei que estava com contrações. Avisei ao meu médico também e ele me chamou para uma avaliação. 14 horas fui para a avaliação, 2 cm de dilatação. Resolvi fazer mais uma acupuntura. Saí do hospital e fui. Continuei com as contrações cada vez mais fortes. Meus pais chegaram de viagem às 17 horas em Palmas. Fui buscá-los, lanchamos (eu não conseguia comer nada, era muita dor), fui levá-los ao hotel e disse que iria internar.
Deixando eles no hotel corri para a Clínica da Wilma Manduca para fazer uma aula de hidroginástica, troquei de roupa dentro do carro mesmo, em meio as contrações. A água estava quentinha e me relaxou muito. Eu estava meio tensa, havíamos pegado um engarrafamento no caminho (20 minutos em um trecho super curto sentindo contrações fortes).
Ela fez o toque depois da aula: 7 cm de dilatação! Saí de lá, fui comer um açaí e fui para o hospital. Internei às 20:30 horas.
Depois de mais um tempo sentindo as contrações, fui fazer exercício na bola e a bolsa estourou (ainda bem, passou pela minha cabeça). Continuamos ativos... muita dor. Neste momento vi que a barriga estava alta. Virei para minha Doula e disse: Estou com medo. Um pouco antes de dizer veio o filme do parto do Uirá em minha cabeça. Não acreditava que iria passar por tudo de novo e não iria conseguir parir. Senti vontade de chorar, não chorei, apenas olhei para a Wilma Manduca e disse que estava com medo. Este foi um momento MUITO IMPORTANTE no parto. Ela olhou para mim e disse: "Olha pra mim, escuta aqui: palavra tem poder. Repete comigo: Eu sei parir e meu filho sabe nascer." Eu repeti, bem concentrada. Neste momento foi como se a força e a confiança em mim mesma tivesse saído do fundo de minha alma. Passei a acreditar em mim mesma e passamos para a fase final do parto: a fase expulsiva. Foi muito rápido. As contrações com a vontade de fazer força vieram e logo logo meu filho estava em meus braços.
Foi uma emoção muito grande ter conseguido. Apesar de ter dito acima que eu havia "ignorado", no fundo no fundo ainda tinha toda a insegurança da primeira experiência, do histórico familiar (eu fui a primeira a ter um parto normal em minha casa, minha mãe não teve nenhum, abortava naturalmente, tinha dificuldades em segurar seus bebês e minhas irmãs também não) e de tudo que as pessoas falavam.
Enfim, eu não acreditava que poderia conseguir. Mas consegui. Com o apoio de meu companheiro Raoni Japiassu Merisse, da minha doula Wilma Manduca, do Dr. Alexandre, que sempre foi maravilhoso, tanto na gestação do Uirá como na do Cauã, respeitando e tratando todos nós com muito carinho... e acima de tudo, consegui porque acreditei em mim mesma. Que eu conseguiria, porque sei parir. Está aí, meu relato da chegada do meu filho Cauã. Mais uma alegria para nossas vidas!